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O voto (in)útil

Todo ano em que temos eleições, podemos ter duas certezas: sempre vai ter uma campanha para todos anularem os votos, porque isso anula a eleição; e sempre vão inventar uma coisa nova.

Sobre a questão dos votos nulos, falamos sobre isso no programa #47. Portanto, vou dedicar este espaço para a segunda questão, que este ano veio com o nome de “voto útil”.

Sempre no período eleitoral somos bombardeados, quase diariamente, pelas pesquisas de intenção de voto. E cada instituto segue uma metodologia diferente, por isso os resultados são diferentes de um instituto para outro.

Uma coisa é certa. Muitos brasileiros não se importam com o voto. E tem aqueles que não entendem a importância do voto. E sempre tem a turma que não gosta de eleição e só vota porque é obrigado, então se acabar no primeiro turno logo, melhor.

Com as pesquisas indicando o provável resultado da eleição, muitas pessoas acabam votando nos candidatos melhores colocados, seja para “acabar logo”, seja para “não desperdiçar o voto”. Então  serei claro: isso é desperdiçar o voto. E este ano resolveram chamar isso de “voto útil”.

Em 2018 não precisamos escolher entre dois candidatos. Temos ao todo 13 candidatos a presidente, cada um com sua proposta. E o que é melhor: podemos escolher livremente por qualquer um deles.

E sabe qual é o verdadeiro voto útil? Aquele em que você vota em quem você quer, em quem você acha que seja o melhor candidato, com as melhores propostas. E não aquele em que você dá de acordo com as pesquisas.

Já pensou se todos os eleitores que preferem as propostas do candidato que está em 4º lugar nas pesquisas decidem votar no candidato que está em 4º? Ele poderia acabar sendo eleito. “Eu prefiro o candidato A, mas como ele não tem chances, vou votar no B”. Voto inútil.

O nosso sistema eleitoral permite que a gente escolha a melhor opção entre as várias disponíveis. Não são só duas, são várias. Por isso, nestas eleições, faça com que seu voto seja útil: vote no candidato que você acha que seja o melhor.

O temeroso presidente salvo

Tivemos nesta semana a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer. E com 263 votos favoráveis e 227 contra, a Câmara aprovou o relatório do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) que recomendava rejeitar a denúncia contra Temer. E, ao contrário da votação da ex-presidente Dilma, agora os deputados tinham que votar no “não” para dar prosseguimento ao processo.

Ficamos livres de termos nosso 3º ou até mesmo 4º presidente em um prazo pouco maior que 1 ano. Aliás, muitos deputados votaram no “sim” com a justificativa de “manter a estabilidade política”, acabando com os votos “pela família” da época da Dilma.

A Câmara decidiu manter na presidência um pessoa ficha-suja, inelegível, condenado pelo TRE-SP por ter feito doações ilegais, e acusado de corrupção passiva. E tudo pela estabilidade política.

Uma pessoa que é acusada de cometer um crime deve ser julgada pela justiça, e durante o julgamento são apresentados os argumentos de acusação e defesa. Nossos deputados decidiram que o acusado não deve ser investigado no momento, somente depois que acabar o atual mandato.

Por pior que seja a situação, eu prefiro passar mais um ano e meio vivendo na instabilidade política do que ter como presidente alguém que não tem a menor condição ou moral para ocupar o cargo. Todo acusado deve ser investigado o quanto antes, e a justiça não pode demorar em julgar. Não é isso o que a gente sempre pede? Ficar na expectativa é pior do que viver na realidade.